Artigo: O Anarquismo importado da Itália para Taquaritinga – o germe da luta dos trabalhadores (parte II)

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Por: Flávio Oliveira*

A imprensa teve um papel importante nos meios anarquistas. Nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro existiram vários jornais de tendência anarquista, como: La Battaglia, Terra Livre, A Lanterna, A Vida, etc., que espalhavam os fundamentos do pensamento anarquista, realizavam campanhas de solidariedade, denúncias e semeavam a liberdade acima de tudo.

 Nos jornais que datam o início do século XX, é possível notar a presença de indicações para comunidade hispânica se alojar em hotéis, pretendendo dar conforto aos viajantes que pela região passavam. (Diário Español – Continuación de La Voz Espana SP – 1912)

Dando um salto histórico, em um jornal dos anos 30, chamado ‘A Lanterna’, há um artigo provocativo, aos quais os leitores são questionados: Para que servem os padres? Para isso um anarquista residente em Taquaritinga, cujo autor se identifica utilizando um palíndromo (nos permite entender que seu nome era Rezende), ele responde:

“O padre, no meu modo de ver, não passa de um grande trapaceiro, o qual, com suas patranhas muito bem arranjadas, ilude facilmente os incautos que se deixam levar pelas suas palavras repletas de hipocrisia. Felizmente, graças àqueles que, sem receio duma traiçoeira emboscada, abrem os olhos ao povo, mostrando-lhes o quanto esse vampiro o ilude e ludibria, breve todos chegarão a esta conclusão: o padre serve para a lata do lixo”. – Taquaritinga – Edzener. (Jornal A Lanterna, 31/08/1933).

Outro artigo do jornal já mencionado, A Lanterna, exibe uma coluna escrita por um colaborador que vivia em Taquaritinga – ou podia ser apenas um observador de passagem. A matéria, intitulada “A Lanterna em Taquaritinga” e escrita por Romulo Paschoalino, proferiu duras críticas ao famoso jogo do bicho. É possível notar que o observador se sente indignado perante essa prática na cidade de Taquaritinga, do qual afirma ser uma perdição, pois ao seu ver, crianças deveriam estar estudando. (A Lanterna, 1910).

É notório que essas novas ideias serviram como um coquetel e inspiração para que houvesse uma mobilização tanto no Brasil, como na cidade de Taquaritinga. A germinação dessas ideias é fundamental para o surgimento de jovens questionadores sobre as condições do período em que eles viveram e nas próximas semanas poderei trazer mais detalhes. Até logo.

*Flávio Oliveira é Professor de História e Filosofia na rede pública do Estado.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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